Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos

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Artigos - Micropoecilia cf. branneri “ Parnaíba ”

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Micropoecilia cf. branneri “ Parnaíba ”

Felipe Aoki Gonçalves - publicado neste sítio em Novembro de 2009


Nativa do Nordeste do Brasil, esta esplêndida espécie representa, na minha opinião, uma das mais interessantes em toda a família Poecilidae.

Apresenta tanto machos quanto fêmeas coloridos de formas distintas, característica rara entre a generalidade das espécies, as quais possuem comummente apenas machos de coloração impressionante e fêmeas completamente pardas.

As fêmeas apresentam a forma roliça clássica da grande maioria das espécies destes ovovivíparos, com a nadadeira caudal levemente lanceolada e de corpo dourado com um leve brilho esverdeado. Possuem dois ocelos característicos bem definidos, um rodeado por escamas mais metalizadas logo acima da bolsa de órgãos, quase no dorso, e outro no final do pedúnculo caudal, de borda em amarelo vivo. Podem também apresentar listras logo após o primeiro ocelo, a definição das mesmas varia bastante de acordo com o exemplar e sua posição na hierarquia dentro do grupo.

Os machos apresentam a nadadeira dorsal dourada com o contorno negro, alongada, em forma de pena e de comprimento que pode ultrapassar a própria nadadeira caudal.

São bem mais esguios que as fêmeas e a coloração varia bem mais, de acordo com a idade, exemplar e / ou posição hierárquica.

Os menores ou de posição hierárquica mais baixa no grupo, apresentam listas mais finas, mais definidas e em maior número que as das fêmeas, exibindo igualmente os dois ocelos e nas mesmas posições, mas o primeiro tem bem menos escamas metalizadas e a borda do segundo se estende até a extremidade superior da caudal, formando uma barra de coloração belíssima, a qual contém verde, vermelho, amarelo, azul e negro.

Já os de posição hierárquica mais elevada dentro do grupo, possuem apenas o ocelo do pedúnculo caudal, seguido pela mesma sequência de cores, estando suas listras quase ausentes e observáveis apenas quando há reflexão lateral no corpo do peixe.

O que compensa a perda das listras e do ocelo é uma coloração dourada com tons acobreados no corpo inteiro e escamas metalizadas por todo o dorso do peixe.

Macho de posição hierárquica menos privilegiada.

Macho de posição mais elevada.

Um duelo entre dois machos de mais baixa posição hierárquica.

É fácil de se notar na foto qual deles é o mais dominante.

Não é apenas na coloração que esta espécie se difere dos Poeciliídeos mais comuns no nosso passatempo, mas também no comportamento.

Há uma hierarquia muito bem definida dentro do grupo, disputada por brigas e duelos entre exemplares do mesmo género.

Assim que definida, os duelos entre fêmeas se tornam praticamente inexistentes e os entre machos se reduzem bem, os machos mais próximos ao “ alfa ” frequentemente dão corridas rápidas e curtas nos mais próximos ao “ ómega ”; dando-se alguns duelos reais, porém bem raros.

O comportamento reprodutivo também é notável.

Além das fêmeas não serem completamente passivas, afastando machos que não as interessam, já pude observar alguns cortejos raros das fêmeas ao macho dominante, apesar do contrário ser muito mais comum.

A dança nupcial de um macho por vezes é no entanto usual: o macho se exibe à fêmea por um período bem curto e depois corre atrás dela com o gonopódio já estendido tentando a cópula.

Acontece por vezes um comportamento mais elaborado no qual o macho se posiciona de frente à fêmea e dá “ mordidelas ” de leve em sua cabeça.

O tempo de gestação é previsível mas estamos na presença de uma espécie com a característica superfetação, já que quase diariamente a fêmea libera de um a três peixinhos e os acasalamentos ocorrem muitas vezes por dia.

O parto se dá em emaranhados de plantas flutuantes.

A fêmea se põe em meio às raízes das flutuantes ou na pequena lâmina de água entre uma folha imersa e a superfície e lá liberta os filhos. Os recém-nascidos medem geralmente 2-3mm, e vêm ao mundo ainda com o final do saco vitelino, sendo extremamente vulneráveis a infecções.

Os adultos são vorazes e, ao contrário de algumas espécies mais pacíficas, tentarão devorar as crias assim que as virem.

Pessoalmente uso uma espessa camada de Riccia fluitans como abrigo para os pequenos, pois tal briófita forma um emaranhado no qual os adultos não conseguem penetrar para comer os filhotes e a visualização dos jovens se torna fácil, já que não há folhas emersas.

Alevim com pouco mais de um dia de vida.

 Filhote já com pouco mais de uma semana de vida.

A capacidade de sobrevivência da espécie se mostra até  entre os alevins. Esse conseguiu devorar a daphnia mostrada na foto, apesar da diferença de tamanho de ambos.

Os meus peixes desta espécie são provenientes da Lagoa da Prata, pertencente à bacia hidrográfica do Rio Parnaíba.

Não fui eu quem os colectou, mas sim meu caro amigo Carlos Eduardo de P. Ribeiro.

Portanto só poderei mostrar fotos de autoria dele do maravilhoso local que é a lagoa.

Imagem de satélite da lagoa.

Vista geral.

Outra vista geral.

 Local da colecta.

O lugar, confirmou esse meu amigo, está infestado de arraias, o que torna a colecta levemente arriscada, porém, felizmente, nada de mal lhe aconteceu.

Creio tratar-se de uma espécie pouquíssimo exigente em relação a parâmetros físico-químicos da água, já que, de acordo com quem os colectou, são encontrados em locais de pH ácido ( 6.2 ) e também em locais de pH básico ( 7.5 ).

Pelo que pude perceber nos exemplares de aquário, ficam mais vívidos e coloridos em pH levemente ácido ( 6.8 ), além de os acasalamentos ficarem mais frequentes.
Em adição, é uma espécie de rusticidade grande também: tive casos de machos encontrados semimortos, de ponta cabeça pela manhã devido a brigas intensas que depois de poucas horas já estavam se comportando normalmente e comendo da maneira voraz com que sempre o fazem; nunca vi recuperação tão rápida.

Devo agradecimentos a todos aqueles que me encorajaram no ramo dos vivíparos e, é claro, ao meu amigo Carlos Eduardo de P. Ribeiro, pois sem tais pessoas não eu não iria estar tendo tal maravilhosa oportunidade de criar, observar e manter tão fantásticos peixes. Espero conseguir continuar com o sucesso que estou tendo nessa manutenção ( já são quase 50 filhotes, em dois meses que os tenho ) e, até onde for possível, espalhar tanto a popularidade quanto exemplares dessa incrível espécie.
 

Felipe Aoki Gonçalves.
 


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