Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos

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Temperatura


A temperatura da água é um dos factores decisivos na fisiologia dos peixes.

Todos os peixes de água doce são classificados pela ciência como poiquilotérmicos, ou seja, a temperatura do organismo está sempre muito próxima da que tem lugar no respectivo meio ambiente. 

O ritmo das reacções bioquímicas está por essa razão muito dependente do ambiente. Aqui podemos estabelecer diferenças óbvias entre os animais  homiotérmicos, ( como o homem ) e os animais de “ sangue frio “ como os peixes. Por essa razão, estes últimos termo regulam o seu corpo comportamentalmente e não fisiologicamente.

Assim se pode compreender o que é que a temperatura representa na biologia e no desempenho físico dos peixes.

Para compreendermos melhor o fenómeno, concentremo-nos, por exemplo, no oxigénio dissolvido na água. Se por um lado a sua presença é proporcionalmente inversa ao regime térmico, os processos metabólicos, pelo contrário, aumentam com a temperatura. Em situações muito específicas, este antagonismo pode levar a que os níveis disponibilidade de oxigénio para a respiração caiam abaixo das necessidades mínimas para a respiração da maioria das espécies.

Como a regulação térmica do organismo dos peixes é induzida pela via comportamental, a diferença entre a temperatura do respectivo metabolismo e a do meio ambiente fica-se geralmente por apenas 1 a 2ºC de diferença.

Todas as reacções bioquímicas são fortemente influenciadas pela temperatura, pelo que qualquer ligeira alteração térmicas produz efeito imediato. 

As reacções fisiológicas, o ritmo de crescimento, o consumo de alimento, a respiração, os processos metabólicos e até a capacidade homeostática dependem da temperatura.

Quanto mais próximos dos valores considerados ideais, mais o organismo vai aumentando a velocidade e eficácia dos procedimentos da sua subsistência.

Na figura que se segue podemos ter uma imagem aproximada do efeito da temperatura em processamentos metabólicos e fisiológicos da Gambusia holbrooki.

Todas as espécies sobrevivem dentro de limites compreendidos entre as temperatura crítica máxima ( TCmax ) e mínima (TCmin ), as quais foram denominadas neste sítio de uma forma pouco formal como os limites de sobrevivência.

Estes dois limites representam aquelas temperaturas a que a espécie apenas sobrevive entre uns quantos minutos e menos de uma hora. Ultrapassado este tempo sem regressar a ambientes térmicos mais favoráveis não há qualquer possibilidade de sobrevivência.

Estes limites críticos podem ser muito ligeiramente ultrapassados se os peixes tiverem sido devidamente aclimatados, contudo não muito mais do que alguns minutos ou escassas horas.

A gama de temperaturas dentro da qual determinada espécie consegue sobreviver mais do que alguns minutos está compreendida entre a temperatura mínima sub letal ( TSLmin ) e temperatura máxima sub letal ( TSLmax ).

Acima da TSLmax ou abaixo da TSLmin, quanto mais próximo os peixes estiverem ou de uma ou de outra fronteira maior ou menor será a mortalidade, melhor se revelará a sua capacidade de adaptação e maiores serão as sua probabilidades de sobrevivência por períodos significativamente mais longos.

Entre o termo superior e inferior de tolerância e a escala de temperaturas ideais, situam-se os valores térmicos nos quais os peixes subsistem com maiores ou menores dificuldades. 

As suas funções fisiológicas podem sofrer algum decremento mas o peixe consegue assegurar a sobrevivência com poucas ou nenhumas dificuldades.

A gama de temperatura ideal, está situada mais ou menos ao centro entre os limites de tolerância superior e inferior. Dentro desta escala a eficácia dos mecanismos fisiológicos atinge um ponto óptimo de funcionamento, ou seja, uma espécie atinge aqui um desempenho físico e biológico máximo, promovendo uma eficiência de metabolismo que permita a reprodução e maior imunidade às doenças.

Como ficou patente, quaisquer variações para níveis superiores ou inferiores a estes limites afectam em menor ou maior grau a subsistência.

Se forem devidamente aclimatadas, quase todas as espécies possuem a capacidade de se ajustarem para além dos respectivos limites, ultrapassando em poucos graus centígrados os respectivos limites. Há contudo restrições à adaptabilidade os quais variam até entre populações ou indivíduos dentro de uma mesma espécie.

Ainda em termos de capacidade de aclimatação a valores ligeiramente diferentes, a origem dos exemplares capturados na natureza é um factor importante. As espécies mais dotadas serão as que apresentam vastas distribuições geográficas, nomeadamente quando dispõem de populações com resistência variável motivada por uma história evolutiva em meios ambientes sujeitos a extremos diversos quanto aos limites máximos e mínimos.

Devido às características climatéricas encontramos espécies estenotérmicas ( sobrevivem apenas numa estreita escala de temperaturas ) e euritémicas ( estão aptas a subsistir numa vasta amplitude térmica ).

Todos os peixes devem ser mantidos de acordo com o respectivo regime térmico natural para poderem usufruir das melhores condições de vida.

Nenhuma espécie deve ser exclusivamente mantida dentro de uma parte restrita do respectivo intervalo de temperaturas ideais. Para a generalidade dos peixes é mesmo vital que se ultrapassem ligeiramente os valores da gama óptima, ( tanto superiores como inferiores ), em função das estações.

É necessário ter em consideração que a maioria das carpas dentadas vivíparas e ovovivíparas provém de ambientes sujeitos a consideráveis amplitudes térmicas. Outras espécies provêm de regiões onde as estações do ano se fazem sentir com alguma intensidade.

Devem ser devidamente estudadas as condições naturais relativas a cada espécie pois a incorrecta gestão de temperaturas da água acarreta problemas de saúde para os peixes mantidos em aquário.

Um dos erros mais graves, mas infelizmente muito vulgar, consiste na manutenção só num valor considerado ideal. Dessa forma os habitantes de um aquário são mantidos por longos períodos de tempo, ( que podem durar quase todo o ano ), à mesma temperatura. 

É benéfico para a respectiva saúde e bem estar, que os peixes sejam mesmo submetidos por algum tempo a valores situados no intervalo compreendido entre as temperaturas ideais e os limites de tolerância.

As variedades " domésticas " de Guppy ( Poecilia reticulata ), apresentam as melhores taxas de nascimentos na gama de temperaturas compreendida entre os 25ºC e os 27ºC. 

Acima dos 30ºC registam-se cada vez mais casos de mortalidade entre as crias e as fêmeas parturientes, degeneração dos ovários e recém-nascidos menores.

Por outro lado, quanto mais tempo os peixes forem submetidos a valores abaixo dos limites de tolerância mais importantes serão os danos sofridos. 

O período de recuperação é muito lento, pelo que o restabelecimento é varias vezes mais demorado, ou seja, para cada dia submetidos a condições desfavoráveis os peixes necessitarão de vários dias sob temperaturas ideais até se recuperarem por completo. 

A indispensabilidade de restabelecimento  é mais importante e prolongada quanto maior for a proximidade a que os animais estiveram dos seus limites de sobrevivência.

Outro factor influenciado pela temperatura é a dinâmica parasita/hospedeiro. Quase todos os parasitas dependem das condições de vulnerabilidade do hospedeiro mas, igualmente de um meio apropriado ( água com a qualidade certa ) e... da temperatura correcta.

Sem enfrentarem condições térmicas adversas ou desfavoráveis os parasitas dos peixes conseguem sobreviver continuamente. Quebram-se dessa forma os ciclos de dormência naturais e os organismos que provocam algumas doenças nos peixes acabam por ter oportunidade de desenvolverem mais velozmente novas mutações resistentes aos medicamentos ou mais eficazes do que as defesas naturais dos peixes.

Temperaturas constantes proporcionam circunstâncias adicionais para o desenvolvimento das conjunturas de parasitismo e doença aumentando a virulência de certas patogenias piscícolas.

Em aquário, muitas vezes uma simples alteração ao regime térmico é suficiente para se extinguir um súbito surto de certas doenças, sem o recurso a produtos químicos.

A imunidade será alterada sob factores adversos como a sobre população, o stress osmótico e... frio ou calor excessivos.

A toxicologia é outro facto que está muito ligado à temperatura. Os estudos que analisaram a acção de certos contaminantes como os fosfatos orgânicos e metais pesados nos peixes, concluíram que a concentração e toxicidade aumentam com o calor.

Há ainda vários trabalhos científicos que concluem uma relação entre o aumento de temperatura e a acumulação de toxinas no organismo.

Não são difíceis de entender as razões desta questão, pois basta  recordarmos o princípio da aceleração do metabolismo dos peixes perante incrementos térmicos. 

Da mesma forma que a contaminação pode aumentar em função da temperatura, a depuração também se processa de forma mais rápida com o calor.

O ritmo de crescimento está intimamente ligado às escalas térmicas como se viu no gráfico. 

Dependendo do tipo de clima e das estações o desenvolvimento físico pode ser contínuo ou apenas sazonal.

Se por um lado um aumento de temperatura pode favorecer a taxa de crescimento, o seu excesso é tão prejudicial quanto o contrário. 

No limite superior de tolerância o crescimento abranda e mais perto do limite superior de sobrevivência chega mesmo a parar, à imagem do que acontece com o frio no extremo oposto.

Ligado ao crescimento, o consumo de alimento também é drasticamente influenciado pelo regime térmico.

Um aumento da temperatura proporciona uma aceleração do ritmo metabólico e como consequência maior necessidade de energia, a qual é convertida a partir da nutrição. 

Se o alimento disponível for suficientemente abundante e nutritivo, o processo decorrerá normalmente, caso contrário a falta de compensação da energia gasta pelo organismo pode, em casos extremos, esgotar o peixe até à morte.

Para além das questões climatéricas analisadas na página destinada a esse assunto, devem ser ponderadas algumas situações específicas em relação às espécies provenientes de diferentes tipos de região.

Para melhor termos uma ideia das exigências térmicas destas espécies é conveniente uma visita ao mapa da distribuição geográfica original aproximada dos Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos.

Esta distribuição geográfica é muitas vezes determinada pela temperatura das águas e não por barreiras geológicas. Dessa forma a expansão de alguns Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos é limitada por factores climatéricos e pela altitude, tanto nas suas regiões de origem como nos inúmeros locais de introdução.

O frio limita a sobrevivência mas também a época de crescimento anual. Em casos extremos, nestes peixes de curta longevidade, a falta de calor pode impedir ainda as crias de atingirem a maturidade sexual a tempo de se reproduzirem.


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