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Characodon audax  Miller & Smith, 1986



Príncipe Negro [ Português ]
Mexalpique del Toboso [ Español ]
Bold Characodon [ English ]
 

Distribuição geográfica :

México – localidade de El Toboso, Estado de Durango.

Uso de imagens :

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I - Morfologia sumária ( caracterizações merísticas )
 


Comprimento total absoluto

Macho adulto : 32.0 a 49.8 mm

Fêmea adulta : 36 a 65.6 mm


Raios da barbatana dorsal : /
9 ( 12 ) geralmente 9-11 ( fêmeas ), 11-12 ( machos )

Raios da barbatana caudal : / 17 ( 21 )

Escamas na linha lateral :  30 ( 34 )

Relação cabeça / comprimento total ( macho ) : 0,28

Relação cabeça / comprimento total ( fêmea ) : 0,21


Estão disponíveis para consulta mais imagens sobre esta espécie na galeria de imagens.


II - Habitat e distribuição geográfica


A única localizações geográfica descritas para esta espécie situa-se no Estado de Durango, México.
O território deste Estado ocupa cerca de 6,3% do país ( o quinto maior em área ), situando-se a sua cidade capital entre a Serra Madre Ocidental e a parte Oeste do planalto Mexicano, apenas a escassos 80 quilómetros a Norte do Trópico de Cancer.
Durango tem como limítrofes o Estado de Chihuahua a Norte, os Estados de Coahuila e Zacatecas a Este, o Estado de Nayarit a Sul e o Estado de Sinaloa a Oeste.
Trata-se de uma região montanhosa, a qual inclui cerca de 160 quilómetros de extensão da Serra Madre Ocidental na direcção Noroeste - Sudeste.
Em termos gerais, o clima caracteriza-se por ser temperado mas extremamente seco, contudo à medida que a altitude aumenta a pluviosidade vai-se acentuando assim como a descida da temperatura, podendo chegar a semi-frio nos pontos das maiores altitudes.
Cientificamente divide-se a região em quatro tipologias de clima; semi-quente sub-húmido nas vertentes do lado do Oceano Pacífico, temperado sub-húmido ou frio chuvoso nas grandes altitudes, semi-seco nos vales e muito seco na região do semi-deserto.
Mais especificamente na região onde estão identificados os locais de onde a espécie é originária, o clima é temperado sub-húmido com temperatura média anual de 16ºC e uma precipitação que ronda entre 500 e 600 milímetros.
Os meses de maior pluviosidade são entre Maio e Outubro, havendo possibilidades de geadas entre Setembro e Abril. No Inverno podem ocorrer temperaturas negativas durante a noite e no Verão as máximas podem ultrapassar os 35ºC.
Em termos hidrológicos o Estado possui algumas bacias hidrográficas que vertem para o Pacífico, do lado oriental da Serra Madre Ocidental, e um número menos importante de bacias hidrográficas que vertem para o Atlântico, no Golfo do México, do lado oposto.
Alguns dos rios desaguam em grandes lagos, nomeadamente no planalto semi-desértico.
Neste Estado são também bastante abundantes as nascentes térmicas e com características minero-medicinais.
A única localização geográfica conhecida actualmente para esta espécie situa-se nas proximidades da vila de El Toboso e inclui somente a pequena nascente “ El Baño de Las Mujeres “ que alimenta a “ Laguna del Toboso “ ( um lago efémero que só recebe água da nascente durante as maiores pluviosidades e que chegou recentemente a secar em diversos anos ).
A distância entre a “ Laguna del Toboso “ e a bacia hidrográfica do Rio Mezquital, onde existe a espécie Characodon lateralis é de apenas uns 50 metros ( Rio La Sauceda ).
Há autores que defendem a existência de uma segunda localização, mantida no entanto em segredo ( será El Tobosito ? ).
No artigo “ Mexican Goodeid Fishes of the Genus Characodon, with Description of a New Species “ as coordenadas geográficas da localidade tipo aparecem como “ 24°16'35" N lat., 104°34'50" W long. “, contudo em observações através da aplicação Google Earth nestas coordenadas não se encontra nenhum corpo de água.
Há contudo duas possíveis localizações próximas, 24º16’52.49” N / 104º34’50.05” W e 24º16’33.54” N / 104º34’56.99” W que podem ser a “ Laguna del Toboso “. Pelas características expostas em várias fontes, talvez a segunda hipótese seja a mais correcta, no entanto a primeira é mais isolada.
Eventualmente não se trata de nenhum dos corpos de água assinalados, uma vez que a localidade de Toboso aparece apenas identificada com uma outra povoação situada a 80 quilómetros de distância perto do Lago Chapala. Talvez algum dos nosso visitantes desta região do México possa um dia ajudar a desvendar este mistério, se achar conveniente.
Pelas descrições, a “ Laguna del Toboso “ é na realidade um pequeno lago cuja respectiva área é de aproximadamente 1.200 m² de superfície, sendo caracterizado igualmente pela sua pouca profundidade.
Na nascente o fundo é geralmente lamacento, mas apresenta várias zonas de areia. A profundidade ronda apenas 20 centímetros.
Este oásis aquático está implantado numa zona semidesértica, pelo que existe naturalmente uma regular extracção de água para consumo das populações locais.
O príncipe negro parece ser, segundo os relatos obtidos, a única espécie piscícola existente, embora se tenham identificado insectos aquáticos e uma espécie de cágado ( Chelidra serpentine ) nesse mesmo habitat.
Usualmente as águas deste lago são claras e a temperatura da nascente é invariavelmente de 19ºC todo o ano.
Como não há praticamente corrente, assiste-se ao aparecimento de vegetação subaquática abundante, em paralelo com uma mais ou menos copiosas comunidades de algas.
As plantas aquáticas assinaladas pelas fontes consultadas como existentes nestes locais são das espécies Ceratophyllum sp, Potamogeton sp. e Lemna sp.
Se tivermos em consideração que para além das alterações de clima a abundância de água e a sua pureza está a diminuir ao ritmo do crescimento demográfico da população humana, as perspectivas de sobrevivência destes últimos refúgios da espécie não são nada animadoras, a não ser em casos muito isolados da civilização.



III - Parâmetros físico-químicas


Temperatura ideal : 19ºC

Limite de tolerância : 12ºC e 27ºC

Limite de sobrevivência : 10ºC e 29ºC

pH ideal : 6.9 - 8

dH ideal : 9º - 19º

Salinidade máxima : ?


Proposta de manutenção desta espécie relativamente à temperatura :

Regime térmico (1) 

Regime térmico (2)

15ºC

18ºC

17ºC

19ºC

18ºC

19ºC

19ºC

19ºC

22ºC

20ºC

23ºC

20ºC

24ºC

21ºC

23ºC

20ºC

22ºC

20ºC

20ºC

19ºC

19ºC

19ºC

17ºC

19ºC

Cada linha desta tabela corresponde a um mês diferente e as temperaturas reportam-se apenas a valores de referência para a manutenção em cativeiro respeitando, o melhor possível, as exigências térmicas conhecidas para a espécie.

O ideal ( mas impossível de simular na maioria dos aquários domésticos ) era poder proporcionar aos peixes uma certa amplitude térmica diária e semanal, tal como acontece na natureza.


Para melhor se compreender o regime térmico ideal ou simular as condições de origem desta espécie, por favor consultar os gráficos relativos a Guadalajara e San Luis Potosí na página Temperaturas anuais registadas em águas naturais. Por favor tenha contudo em consideração que o ambiente original desta espécie são nascentes vulcânicas de água quente.

 


IV - Biologia e ecologia sumária


A forma fusiliforme é muito invulgar entre as restantes espécies da sub-família Goodeinae, nomeadamente o posicionamento das barbatanas dorsal, caudal e anal, bastante recuadas, sendo a forma mais evidente do parentesco remoto com os Goodeiídeos ovíparos do género Empetrichthys e Crenichthys, nomeadamente com a espécie Crenichthys baileyi.
O género Characodon é mesmo considerado por alguns investigadores como sendo o mais primitivo da sub-família Goodeinae.
Em cativeiro, na presença de outras espécies, o Príncipe Negro revela-se um peixe algo reservado, mas num aquário apenas dedicado a esta espécie o comportamento altera-se razoavelmente.
As disputas entre os machos tornam-se acontecimentos comuns e a timidez natural parece dissimular-se na ostentação de uma certa agressividade intra-específica entre membros de ambos os sexos.
Dado que esta espécie provém de águas puras das nascentes, embora alguns autores defendam o contrário, de acordo com a minha experiência pessoal posso testemunhar os melhores resultados com renovações diárias de pelo menos 10% da água do aquário, ( tudo dependendo da capacidade do aquário e da eficácia da respectiva filtragem ).
Para se evitarem os conhecidos efeitos secundários mais comuns desta operação, nomeadamente quando efectuada com água da torneira, deve-se proceder a esta operação apenas com água livre de coloro.
Não está cientificamente comprovado, mas muitos dos aficionados que mantêm a espécie acreditam que o facto de não haver consenso sobre a resistência desta espécie às doenças pode estar relacionada com o facto de existirem ou não estas renovações frequentes ( ou trocas parciais de água, como se diz na gíria ).
De facto encontram-se inúmeros relatos contraditórios, uns afirmando que se trata de uma espécie extremamente robusta e resistente muitos dos mais triviais problemas de saúde dos peixes, enquanto outros reclamam precisamente o contrário, evidenciando a sua suposta baixa reacção de defesa às doenças mais vulgares.
A temperatura pode ser eventualmente outro factor preponderante na saúde desta espécie.
Embora provenha de uma nascente em que a temperatura da água seja sensivelmente 19ºC todo o ano, ao manter esta espécie entre os 17ºC e os 23ºC não parece trazer qualquer tipo de consequência nefasta.
Sabe-se que, embora tolerem temperaturas elevadas são perfeitamente evidentes os benefícios da manutenção do Characodon audax em valores inferiores a 26ºC mesmo na época mais quente do ano, assim como é reconhecida a manifesta necessidade de um período sazonal mais fresco, ( entre 16ºC e os 18ºC de mínima ).
Durante a manutenção a temperaturas menos elevadas, a actividade reprodutiva cessa e nota-se um evidente atraso no ritmo de crescimento nos animais que ainda não atingiram o seu pleno desenvolvimento.
Ao contrário do seu parente, Characodon lateralis, a resistência ao arrefecimento ou a descidas bruscas na temperatura da água que outras espécies não é tão assinalável. Ao contrário de outros peixes originários de regiões temperadas, a capacidade de sobreviverem ao frio resume-se a curtos períodos de tempo.
Apesar de se fazerem sentir temperaturas do ar ligeiramente negativas em determinados dias de Inverno nos locais onde se encontra a espécie em estado natural, sendo mesmo evidentes características que levariam a admitir uma forte paridade entre as temperaturas do ar e da água, o que é facto é que, de acordo com a fontes disponíveis, a temperatura raramente deve descer abaixo dos 16ºC. Isto pode-se explicar, particularmente em locais de baixa profundidade, pelo facto das referidas águas sofrerem influências da actividade vulcânica da região e por de serem geralmente águas correntes de nascente, levando por essa razão mais tempo a sofrerem a influência directa das descidas verificadas na temperaturas do ar.
Isto explica porque é que, pelo menos em teoria, o Characodon audax não poderia sobreviver no clima do Sul de Portugal durante o Inverno, nomeadamente em regiões com a mesma temperatura média anual da sua região de origem.
Relatos recolhidos sobre comportamentos das populações selvagens sugerem uma dieta alimentar consideravelmente composta por algas, mas a dentição destes peixes podem indicar uma dieta mais omnívora incluindo eventual consumo de determinadas espécies de insectos aquáticos e de outros invertebrados. Todavia os seus intestinos relativamente longos denotam talvez mais predomínio no consumo de matéria vegetal do que de matéria animal.
Em cativeiro de facto nota-se uma certa tendência vegetariana que se vai modificando com a idade. É de toda a conveniência que por essa razão, não sejam esquecidos os suplementos alimentares como o espinafre e as ervilhas ( descascadas ) depois de ligeiramente cozidos ou uma das habituais alternativas como os alimentos industriais destinados às espécies vegetarianas.
As alternativas compostas por presas vivas ( ou congeladas ), além de essenciais também são extremamente apreciadas.
Para além de alguma relutância inicial a certos tipos de alimento industrializado, em cativeiro o Príncipe Negro adapta-se perfeitamente às propostas gerais feitas na secção de aquariofilia aceitando, para além de um variado menu de opções vegetais, artémia salina, larvas de mosquito ou invertebrados aquáticos e outros alimentos naturais ou congelados, peixe ou moluscos crus e moídos assim como alimentos industrializados, ( nomeadamente contendo um componente vegetal à base de spirulina ou outro ).
Embora aceitem muito bem a carne moída de gado doméstico e caça, a mesma deve ser evitada a todo o custo, pois alguns exemplares são relativamente propensos a problemas de digestão e enfermidades no aparelho digestivo, causados pela ingestão da carne de animais não aquáticos.
Se a sua dieta alimentar cumprir os parâmetros mínimos de qualidade e quantidade, os recém nascidos não são molestados nem perseguidos pelos adultos.
Há contudo relatos de criadores que afirmam que nos seus aquários acontece precisamente o contrário. Tal pode ter explicação nas origens em carências não suspeitadas.
Apenas nesses casos, ou quando as preocupações demográficas com a manutenção desta espécies são excepcionais, é aconselhável separar as parturientes para um aquário muito bem plantado com 15 a 20 litros de capacidade no mínimo.
Para além de uma dieta esmerada as fêmeas grávidas devem possuir nesse aquário, que servirá de maternidade, água da melhor qualidade, procurando-se respeitar os parâmetros físico-químicos adequados à espécie com mais dedicação do que no local onde o restante grupo é mantido.
As mães recentes podem eventualmente passar mais uma semana ou duas num outro aquário de recuperação, acompanhadas apenas e só por outras fêmeas da sua própria espécie ou eventuais jovens e crias maiores, antes de serem devolvidas à sua comunidade de origem.
Quanto às crias nascidas nos aquários maternidade anteriormente descritos, estas devem ser introduzidas no local onde se encontram os restantes elementos da espécie antes da maturidade sexual, evitando-se dessa forma indesejáveis acasalamentos entre irmãos.
A maturidade sexual é atingida por volta dos 4 meses de idade em condições normais, embora as fêmeas entrem em gestação mais tardiamente do que o início da vida sexual activa dos machos da mesma ninhada.
Ao contrário dos Poeciliíneos, as fêmeas dos Goodeiíneos não têm a capacidade de preservar o esperma, pelo que após cada parto as fêmeas têm que ser fertilizadas de novo.
O número médio de crias por parto ronda entre as 8 e as 20, podendo ficar-se por apenas 2 ou 3 na primeira gestação e ultrapassar as 40 em fêmeas extraordinariamente grandes mantidas sob condições muito favoráveis. Ivan Dibble deu a conhecer um parto de 63 crias nascidas de uma fêmeas excepcionalmente avantajada.
As crias nascem relativamente grandes em relação ao tamanho da progenitora ( entre 7 e 10 mm ).
A gestação dura habitualmente entre 55 e 65 dias, dependendo da temperatura, da qualidade da água, do alimento disponível e até de outros factores menos conhecidos.
Em condições desfavoráveis, a gravidez pode ser mantida durante vários meses.
Há igualmente relatos de alguns criadores que afirmam que as fêmeas idosas desta espécie deixam de reproduzir, embora continuem a desenvolver-se a levarem uma vida aparentemente normal.
Os recém nascidos não são difíceis de alimentar pois, como se viu, nascem relativamente grandes e muito independentes.
Por vezes o seu rudimentar cordão umbilical, ( tropoténia ), pode levar quase uma semana a ser absorvido, no entanto a sua independência é logo evidente à nascença. Em presença de algas os recém nascidos começam a alimentarem-se poucas horas após o parto.
Independentemente da maior ou menor abundância de algas próprias à sua dieta convém ministrar-lhes náuplios de artémia salina e dáfnias de dimensões convenientes, para além de eventuais suplementos alimentares industriais próprios para crias.

V - Notas complementares


Segundo a ficha dedicada ao Príncipe Negro no sítio “ Godeiden ” ( http://www.goodeiden.de/html/audax3.html ), todos os exemplares desta espécie mantidos na Europa são descendentes de apenas dois casais da colecção do Prof. Robert Rush Miller, trazidos por Ivan Dibble dos Estados Unidos da América.
Há seguramente três espécies classificadas no género Characodon, uma das quais considerada extinta.
Para além destas três espécies, levantam-se actualmente dúvidas sobre duas populações ( “ Abraham Gonzalez “ e “ Amado Nervo “ ).
As espécies Characodon lateralis e Characodon audax são morfologicamente muito similares. Para além do colorido e mesmo da forma do corpo há inúmeras diferenças fáceis de identificar positivamente, sobretudo nos machos de ambas as espécies, até numa observação superficial e menos criteriosa.
Apenas a título de exemplo ilustrativo, e não considerando outras distinções mais óbvias, podemos observar que os machos destas espécie podem evidenciar-se facilmente pela posição do ânus em relação às barbatanas pélvicas. De facto, no Characodon lateralis o orifício anal situa-se ainda numa parte do ventre abrangida pelas barbatanas pélvicas recolhidas, ( em todas as populações excepto na “ Nombre de Dios “ ), enquanto que nos machos Characodn audax o mesmo está situado fora da zona coberta pelas barbatanas pélvicas em repouso.
Já em relação à espécie extinta, ( Characodon garmani ), apenas descrita com base num único exemplar fêmea preservado desde 1895, não se pode aferir este pormenor em particular.
Análises genéticas comprovam de facto a diferenciação entre as duas espécies actuais, mas o seu grau de especificação permite ainda a concepção de híbridos férteis.
Pela facilidade dessa ocorrência aconselha-se vivamente a nunca se misturarem exemplares de ambas as espécies no mesmo aquário.
De acordo com informações recolhidas no sítio “ Godeiden “ ( versão em Inglês ) - http://www.goodeiden.de/html/lateralis3.html, o Dr. Dietmar Kunath, obteve muito facilmente híbridos destes Characodon 1990, embora de uma forma não premeditada.
Tal como é referido no relato do respectivo autor deste acontecimento, há que fazer a distinção entre cruzamentos forçados e induzidos por acção humana dos casos acidentais ou por negligência.
Os sucessos mais aceitáveis obtidos com este tipo de cruzamentos são, designadamente, os seus resultados permitirem-nos de uma forma empírica obtermos uma ferramenta para apurarmos certas suspeitas sobre relações taxionómicas entre as espécies, contudo é uma prática totalmente desaconselhada dadas as implicações que a mesma tem para a biodiversidade.
O problema põe-se ainda com mais pertinência em face das duas espécies em questão, uma vez que ambas correm sérios riscos de desaparecimento.
Dada a sua situação actual na natureza, estes peixes merecem o nosso melhor empenho para sua manutenção em cativeiro, ainda mais porque é pouco provável que venha a ser um dia um peixe produzido em larga escala para ser comercializado nas lojas.
Embora se encontrem referências à sua conservação em aquários relativamente pequenos, o sucesso da sustentabilidade de uma população passa por manter um tão grande número de indivíduos quanto possível.
Alguma prática na manutenção desta espécies demonstra de facto a necessidade de dispor de algum espaço, ainda que sejam peixes de pequeno porte.
Os seus comportamentos sociais justificam aquários de mais 100 litros, ainda que não estejamos a falar das mesmas consequências inerentes à conservação de Ciclídeos territoriais agressivos. Os machos dominantes não matam os seus oponentes em resultado de combates por territórios ou por fêmeas mas, os indivíduos mais fracos acabam por morrer de fome por não lhes ser permitido chegarem com frequência ao alimento.
Enquanto a melhor opção será ( pelo menos de início ) um aquário só para esta espécie, há no entanto um grupo variado de outros Goodeiídeos, Poecilídeos e mesmo Caracídeos e Ciprinídeos que são compatíveis com as suas exigências físico-químicas, os quais podem constituir excelentes companheiros de comunidade. As espécies mais comuns de Corydoras também são úteis parceiros de aquário, embora provenham de regiões do mundo muito distintas.

VI - Ameaças, medidas de protecção e situação actual


As populações selvagens das espécies do género Characodon têm vindo a sofrer dramáticos retrocessos desde que foram descobertas pela ciência.

Uma das principais causas será sem dúvida pelo facto de geralmente estarem confinadas a habitats aquáticos muito reduzidos implantados numa região semi-árida, a qual está a ser submetida à pressão da agricultura e do crescimento demográfico acentuado das populações humanas residentes.

Devido ao mesmo tipo de pressões uma das espécies deste género já desapareceu. O Characodon garmani era apenas uma de várias que faziam parte de uma fauna relíquia existente em locais restritos do vale de Parras. Algures entre 1900 e 1953 extinguiram-se. Juntamente com este Goodeiídeo perderam-se outras espécies igualmente raras como o Stypodon signifer ou o Cyprinodon latifasciatus.

A meio do século XX várias nascentes tinham deixado de existir contribuindo para o desaparecimento ou declínio desses peixes. Num outro determinado ponto a água restante tinha sido represada num único reservatório dedicado à cultura da Carpa ( Cyprinus carpio ) e posteriormente encaminhada através de canais para a irrigação de um campo de algodão.

Presentemente os cursos de água do Vale de Parras estão dominados por espécies introduzidas. Apenas uma ou duas das espécies originais, muitas das quais endémicas, ainda persistem em habitats isolados.

Nos rios principais próximos da Cidade de Durango, como o Tunal, esgotos domésticos e industriais foram a causa da poluição da água que exterminou as espécies endémicas existentes.

Há locais tão marcantes como a queda de água El Salto, onde as águas negras e quase desprovidas de vida testemunham a influência da celulose local no meio ambiente.

As causas mais importantes para o declínio dos Characodons e seu confinamento a áreas muito remotas passam pela destruição e alteração do meio ambiente através da desflorestação, de contaminação dos ecossistemas com águas residuais domésticas e industriais, de captações de água acima da capacidade de reposição pela precipitação ou do maus uso da água dado por certas actividades humanas como a agricultura.

Sem dúvida um dos mais importantes, senão mesmo o principal impacto  no retrocesso destes peixes na natureza será a introdução de espécies exóticas.

A mais comuns segundo as fontes consultadas são : Carassius auratus, Chirostoma spp, Cyprinus carpio, Gambusia senilis, Goodea atripinnis, Lepomis macrochirus, Micropterus salmoides, Oreochromis aureus  e Oreochromis mossambicus.

Esta espécie encontra-se classificada como vulnerável no Livro Vermelho do I.U.C.N.


nota sobre o Género Characodon : das 3 espécies classificadas neste género, 1 está classificada como extinta ( Characodon garmani ), 1 está classificada como em perigo ( Characodon lateralis ) e 1 está considerada como vulnerável ( Characodon audax ) .

Para esclarecimento de dúvidas e mais informações consulte-se Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos no Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas da UICN.


Outros tópicos sobre esta espécies para consulta :


Outros artigos de interesse :

Contreras Balderas, Salvador; 1975; Cambios de composición de especies en comunidades de peces en zonas semiáridas de Nuevo León; Contribuciones del Laboratorio de Vertebrados de la Universidad Autónoma de Nuevo León, Vol. 13, pp. 181-194.

Fitzsimons, John Michael; 1972; A Revision of Two Genera of Goodeid Fishes ( Cyprinodontiformes, Osteichthyes ) from the Mexican Plateau; Copeia, pp.728-756.
INEGI ( Instituto Nacional de Estadística, Geografía e Informática ); 2000; Censo Poblacional 2000, Mexico; http://www.inegi.gob.mx.

Smith, Michael Leonard and Miller, Robert Rush; 1986; Mexican Goodeid Fishes of the Genus Characodon, with description of a New Species; American Museum Novitates 2851 pp. 1-14, figs 1-4, table 1.

Smith, Michael Leonard and Miller, Robert Rush; 1986; Origin and Geography of the Fishes of Central México; The Zoogeography of North American Freshwater Fishes. John Wiley & Sons, New York. pp. 487-517;

Webb, Shane Anthony; 1998; A Phylogenetic Analysis of the Goodeidae ( Teleostei: Cyprinodontiformes ); PhD dissertation, University of Michigan, Ann Arbor.



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