Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos

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Poecilia latipinna  Lesueur, 1821

Limia matamorensis Girard, 1858 ( sinónimo )
Limia poeciloides Girard, 1858 ( sinónimo )
Mollienesia latipinna Lesueur, 1821 ( sinónimo )
Poecilia latipinna Lesueur, 1821 ( válido como )
Poecilia lineolata
Girard, 1858 ( sinónimo )
Poecilia multilineata Lesueur, 1821 ( sinónimo )


Molinésia-de-Vela-Estreita [ Português ]

Molly [ Português / Español ]

Topote Velo Negro [ Español ]

Sailfin Molly [ English ]

Aviso : Dado que todas as minhas fotografias relacionadas com a espécie Poecilia latipinna se reportam na realidade a híbridos ou variedades domésticas ( obtidas por selecção artificial de reprodutores ), infelizmente não consegui a imagem apropriada para ilustrar convenientemente esta espécie.

Solicito a vossa compreensão e informo que vou continuar os meus actuais esforços, no sentido de poder obter a devida autorização de uso para uma imagem adequada, proveniente de uma outra qualquer fonte.

Por favor voltem de novo mais tarde a esta ficha, a fim de visualizarem a imagem que será, logo que possível, aqui colocada.

Distribuição geográfica :

Estados Unidos da América e México.


Introduções :

Arábia Saudita, Austrália, Bahamas, Canadá, Colômbia, Filipinas, Guam, Havai, Indonésia, Omã, Quénia, Singapura.

Uso de imagens :

Todas as imagens deste sítio não podem ser usadas sem a devida permissão.

Os direitos de autor de cada uma das imagens pertencem ao respectivo fotógrafo/autor que as tirou/criou e não podem ser utilizadas sem a respectiva autorização. 

A fim de de poder usar as imagens de acordo com os respectivos direitos de autor/licenciamento/legislação aplicável e condições deste sítio, por favor envie-nos uma mensagem de correio elctrónico.

I - Morfologia sumária ( caracterizações merísticas )
 


Comprimento total absoluto
Macho adulto : 16.0 a 121.8 mm
Fêmea adulta : 56.9 a 149.9 mm

Raios da barbatana dorsal : / 10 ( 17 )
Raios da barbatana caudal : / 26 ( 28 )
Escamas na linha lateral : 25 ( 30 )
Relação cabeça / comprimento total ( macho ) : 0,16 / 0,17
Relação cabeça / comprimento total ( fêmea ) : 0,18 / 0,20


II - Habitat e distribuição geográfica


As populações selvagens da Molinésia-de-Vela-Estreita encontram-se distribuídas desde o litoral Atlântico dos Estados Unidos da América ( bacia hidrográfica de Cape Fear, Estado da Carolina do Norte ), até à Região de Veracruz, no México, particularmente nas bacias hidrográficas que desaguam no Oceano Atlântico.
Esta espécie encontra-se sobretudo em regiões de clima temperado e subtropical.
Analisando climatologicamente um pouco duas áreas distintas da sua origem vamos considerar para o efeito apenas o extremo Norte, no Estado da Carolina do Norte e o extremo Sul no Estado de Vera Cruz, México, como áreas de referência.
Na Carolina do Norte em geral as condições atmosféricas são típicas dos climas subtropicais húmidos, ainda que de todo o território apenas nos interesse apenas a área do litoral.
Os Invernos são curtos e temperados e os Verões são em geral quentes, embora a temperatura do ar raramente ultrapasse os 38ºC.
A temperatura média anual ronda os 16.9ºC.
Em Janeiro, na região litoral as temperaturas médias rondam os 9ºC, com valores mínimos na ordem dos -2ºC e máximos de cerca de 21ºC.
Em Julho as temperaturas médias rondam os 27ºC, com mínimas de 19ºC e máximas na ordem dos 37ºC.
A pluviosidade anual na orla costeira situa-se entre 1.120 mm e 1.420 mm.
Sobretudo no Verão a atmosfera reage com o sistema de altas pressões das Bermudas, situado no Oceano Atlântico, o que provoca a movimentação de ar húmido e quente para a região da Carolina do Norte.
A temperatura da água no Rio Cape Fear varia entre os extremos de 5.3ºC e 31.9ºC, situando-se as médias anuais entre os 16.9ºC e os 19.8ºC.
É necessário ter em atenção que a população local de Poecilia latipinna raramente se deve submeter às temperaturas mais baixas, pois sendo um peixe extremamente tolerante à salinidade ( espécie eurialina ), pelo que é natural os peixes se deslocarem até ao mar ou à foz dos rios, encontrando dessa forma águas com temperaturas superiores à dos rios no período mais frio do ano.
A Sul, na região da cidade de Vera Cruz, por exemplo, a temperatura média do ar varia entre sensivelmente 20ºC em Janeiro e os 27ºC em Junho. Ainda assim as temperaturas médias não nos podem fornecer uma imagem real do clima local, uma vez que o mês mais quente do ano não é de facto Junho, mas sim Abril, Maio ou Setembro, de acordo com a região em questão. As temperaturas médias da água em muitas regiões podem ser 0.4ºC mais elevadas em Agosto do que em Junho, por exemplo.
Em certas regiões as temperaturas mais elevadas fazem-se sentir em Abril, pois devido à latitude é a altura do ano que o Sol se encontra mesmo a pique e ainda não começou a época das chuvas.
Logo a seguir a pluviosidade, que começa em Maio e proporciona muitos dias de céu nublado, acaba por “ refrescar “ um pouco o ambiente, fazendo descer as temperaturas máximas mas em simultâneo proporcionando uma ligeira subida das mínimas.
Também devido à estação chuvosa, Agosto ou até mesmo Setembro podem-se revelar-se os meses em que as temperaturas máximas superam as dos restantes meses, ( sobretudo devido à diminuição da nebulosidade e à posição do Sol ).
A espécie Poecilia latipinna encontra-se frequentemente tanto em água doce como em água salobra ou mesmo em pleno oceano, embora prefira sem dúvida águas ligeiramente salobras com valores inferiores a 1,007 ( 10,2 ppm ).
Os habitats mais comuns são nascentes, lagos, rios riachos, canais, zonas pantanosas de águas salobras, ambientes de estuário ou nos ecossistemas de mangue típicos do litoral, havendo populações que frequentam o mar pelo menos em parte do ano e outras que habitualmente promovem pequenas migrações sazonais que as levam a penetrar no Oceano em busca de certas condições particulares.
Encontramos frequentemente as comunidades a viverem relativamente perto da margem, em particular nas proximidades de densa vegetação subaquática ou palustre, evitando aventurarem-se muito em águas abertas.
Na parte Norte da respectiva distribuição geográfica esta Molinésia partilha os mesmo ambientes que alguns peixes de pequeno porte, como as espécies Gambusia holbrooki, Cyprinodon variegatus, Fundulus confluentus e Lucania parva, assumindo-se que todas estas procuram preferencialmente os mesmos locais onde se possam refugiar dos peixes predadores de maior porte.
Os adultos frequentam com mais assiduidade ambientes com maior profundidades, as quais no entanto não costumam ultrapassar entre 50 centímetros e pouco mais de 1 metro.
O seu ambiente preferido caracteriza-se por águas turvas em parte do ano, sendo muito turvas e por vezes com visibilidade quase nula, sobretudo na época das cheias.
A química da água nestes locais caracteriza-se, entre outros parâmetros, por apresentarem um valor de pH entre 7,5 e 8,1.
 


III - Parâmetros físico-químicas


Temperatura ideal : 17ºC - 27ºC
Limite de tolerância : entre 7ºC e 13ºC e entre 33ºC e 35ºC ( dependendo da população )
Limite de sobrevivência : entre 4ºC e 12ºC e entre 36ºC e 39ºC ( dependendo das população )
pH ideal : 7 – 8.2
dH ideal : 12º - 34º
Salinidade máxima : 1,036 ( 87 ppm )

Proposta de manutenção desta espécie relativamente à temperatura :

Regime térmico (1) 

Regime térmico (2)

12ºC

16ºC

15ºC

18ºC

19ºC

22ºC

21ºC

24ºC

24ºC

25ºC

26ºC

26ºC

27ºC

28ºC

26ºC

27ºC

23ºC

26ºC

21ºC

23ºC

16ºC

21ºC

13ºC

18ºC

Cada linha desta tabela corresponde a um mês diferente e as temperaturas reportam-se apenas a valores de referência para a manutenção em cativeiro respeitando, o melhor possível, as exigências térmicas conhecidas para a espécie.

O ideal ( mas impossível de simular na maioria dos aquários domésticos ) era poder proporcionar aos peixes uma certa amplitude térmica diária e semanal, tal como acontece na natureza.


Para melhor se compreender o regime térmico ideal ou simular as condições de origem desta espécie, por favor consultar os gráficos relativos a Savannah, Miami, Nova Orleães, Corpus Christi, Tampico e Veracruz, na página Temperaturas anuais registadas em águas naturais.


IV - Biologia e ecologia sumária


Entre as populações que se encontram na natureza existe uma certa profusão de variantes no colorido. Apresentam ainda uma assinalável divergência ao nível da maturação dos indivíduos ( sobretudo os machos ), conforme as respectivas origens e o clima local.
Ao longo de toda a distribuição geográfica da espécie, assiste-se a uma fenomenal diferenciação de tamanhos máximos em ambos os sexos, no estádio adulto, não só entre populações mas mesmo no seio de algumas delas.
É no entanto entre os machos que se notam as mais evidentes discrepâncias e esse nível.
No Estado da Florida, encontram-se nas populações selvagens machos adultos medindo entre 16 e 103 mm, com barbatanas dorsais que variam entre 6 e 45 mm de altura e entre 10 e 17 raios ( Snelson, F.F., Jr. 1985 ).
Os machos adultos com menos de 30 mm nem sequer apresentam as típicas características sexuais secundárias, assemelhando-se muito a autênticas fêmeas com gonopódio. Apenas nos machos adultos maiores do que 45 mm é possível verificar a morfologia típica do fenotipo, comum em exemplares vendidos nas lojas, incluindo a coloração que os diferencia das fêmeas, mas sobretudo a famosa barbatana dorsal desenvolvida que pode chegar a mais de 40 mm de altura nos machos maiores e que justifica o nome comum da espécie ( Snelson, F.F., Jr. 1985 ).
Nas populações selvagens estudadas, as dimensões e o respectivo rácio destes dois tipos de machos, bem como das formas intermédias, manteve-se estável, porém a composição de cada população revelou-se em si extremamente variável. Num extremo ficam as populações onde se registam apenas machos com dimensões compreendidas entre os 16 e os 40 mm e nas quais nem sequer existe o tipo morfológico identificado pelos aquariofilistas, ou seja, de barbatana dorsal alta e com a coloração que os distingue claramente das fêmeas. Noutro extremo ficam as populações com uma grande variedade de machos, onde estes atingem dimensões entre os 16 e os 60 mm e onde aprecem alguns indivíduos de características idênticas aos que se conhecem no comércio costumam ser capturados principalmente no Verão ( nomeadamente com colorido e padrões distintos das fêmeas além da barbatana dorsal muito desenvolvida ), ( Snelson, F.F., Jr. 1985 ).
Presume-se que na natureza, factores ambientais, genéticos e sociais interagem de um modo complexo e ainda muito pouco conhecido, dando origem a tais diferenças e variabilidade morfológica entre machos ( Snelson, F.F., Jr. 1985 ).
Salvo raríssimas excepções, as estirpes domésticas designadas comercialmente como Poecilia latipinna, derivam de cruzamentos entre esta espécie e outras Molinésias.
A Molinésia-de-Vela-Estreita caracteriza-se por ter conseguido conquistar uma grande variedade de habitats ao longo da sua evolução, apresentando uma considerável dispersão geográfica, valendo-se da sua grande capacidade de ajustamento ao meio.
É possível encontrar populações perfeitamente adaptadas à vida em ambientes de água doce e salobra, com ocasionais penetrações no oceano por parte daquelas que detêm acesso ao mar, o que facilita a expansão natural.
Trata-se de uma espécie que demonstra uma elevada tolerância aos factores ambientais e capacidade de aclimatação, podendo sobreviver a valores de oxigénio dissolvido na água muito reduzidos, em particular devido à forma dos seus lábios, o que possibilita a estes peixes a faculdade de conseguirem aproveitar uma finíssima camada da superfície onde o nível de oxigénio é quase sempre satisfatório.
Talvez pelas pressões ambientais e predatórias a que estão sujeitos os animais selvagens, não é muito habitual capturarem-se machos com as dimensões dos animais domésticos a que estamos habituados em aquário. Sabe-se no entanto que em várias espécies, ( e esta não é excepção ), nas populações que vivem na presença de predadores muito eficazes, os indivíduos apresentam geralmente maiores dimensões, comparativamente com aquelas que não coabitam com essa tensão permanente.
Machos com mais de 45 mm são também mais comuns em populações menos numerosas ou sujeitas a Invernos mais frios, durante os quais a respectiva maturidade é atrasada, mantendo por essa razão o respectivo crescimento.
Devido à sua distribuição geográfica relativamente ampla, encontraram-se mesmo diferenças interessantes em termos biológicos.
A selecção sexual desempenha neste âmbito um papel preponderante.
É notória a preferência das fêmeas por machos que exibam a barbatana dorsal mais alta, e coloração mais atraente.
O problema reside no facto dos machos mais coloridos serem também mais facilmente vistos e capturados pelos predadores.
O facto de uma fêmea se deixar cortejar por um macho demasiado fora dos padrões mais harmoniosos com o ambiente que os rodeia, pode inclusivamente colocar também a sua própria vida em risco, dado que passam os dois a constituir um alvo fácil para os predadores.
De toda a forma, o sucesso no acasalamento por parte dos machos não depende exclusivamente da sua fisionomia estar mais ou menos de acordo com as preferências do sexo oposto.
Em populações naturais, as fêmeas geralmente ultrapassam os machos em número de indivíduos, no entanto entre as crias existe um certo equilíbrio entre os sexos, como se pode observar em cativeiro onde as baixas provocadas por predadores são insignificantes ou mesmo nulas.
Na natureza estes peixes são omnívoros mas com marcada tendência para serem primariamente vegetarianos, alimentando-se sobretudo bastante matéria vegetal variada ( nomeadamente detritos vegetais e algas filamentosas ou unicelulares ) e ocasionalmente de quase todos os organismos vivos de dimensões convenientes, nomeadamente zoobentos, zooplâncton, invertebrados aquáticos, crustáceos aquáticos, insectos e suas larvas, incluindo larvas de mosquito que consigam encontrar no seu ambiente.
Uma alimentação usual em cativeiro não apresenta problemas.
A Poecilia latipinna tolera muito bem alimentos industriais secos ( flocos ), frescos ou congelados, com especial atenção para uma dieta rica em matéria vegetal e dá resultados espectaculares quando recebe também alimentos vivos.
Uma dieta adequada corresponde às dos outros ovovivíparos mais comuns, sem especiais cuidados a assinalar para além da preferência por componentes vegetais.
Para além de alimentos liofilizados em flocos, recomenda-se vivamente artémia salina, larvas de mosquito, tubifex, dáfnias, todos estes vivos ou congelados.
Como complemento aceitam bem a carne moída de moluscos ou da maior parte do peixe de mar usado na alimentação humana. Muito raramente também se pode aproveitar a carne crua sem gordura e também moída de animais domésticos, ( vaca, porco, aves e coelho ).
Existe uma diferença assinalável em termos de crescimento e fecundidade entre os peixes alimentados frequentemente com alimentos naturais e aqueles que só têm acesso a alternativas artificiais.
Tal como os Poeciliídeos originários de regiões temperadas e alguns outros de regiões subtropicais, o ciclo de reprodução desta espécie não é contínuo.
Quanto mais nos deslocamos para Norte da respectiva distribuição geográfica, mais as populações aí residentes enfrentam temperaturas baixas durante a estação do Inverno, o que se traduz numa interrupção das gestações durante alguns meses, nomeadamente assim que a temperatura desce abaixo dos 14ºC a 17ºC ( conforme a população ).
Na Florida, uma zona considerada subtropical nos seus limites Sul, esta espécie apresente duas épocas distintas de reprodução, uma compreendida entre Abril e Junho e uma outra entre Agosto e Outubro.
Alguns machos nascidos no mês de Abril podem estar aptos a reproduzirem-se no final da segunda estação em Setembro ou Outubro. Esses ficam sem dúvida menores e menos atraentes do que os restantes que atingem a maturidade apenas na Primavera seguinte, entre os 11 e os 13 meses de idade pois, como todos os Poecilídeos em geral os machos param de crescer de forma óbvia quando atingem a maturidade sexual.
Nas regiões subtropicais do México, nos limites a Sul da distribuição geográfica da espécie, a reprodução pode-se tornar contínua.
A temperatura ideal para a gestação situa-se entre os 20ºC e os 26ºC.
A fêmea de Poecilia latipinna apresenta um período entre partos que varia normalmente entre 21 e os 68 dias. Esta duração está intimamente relacionada com a temperatura, com o foto período, com a salinidade e com a alimentação.
Se por outro lado, a temperaturas elevadas a gestações tendem a ser mais curtas, atingindo os 28 dias a 29ºC, acima desse valor nota-se de novo um aumento da duração. A temperaturas acima dos 32ºC regista-se um acréscimo das complicações de saúde para as futuras mães e aumenta tendencialmente a mortalidade entre os embriões ou recém-nascidos.
Em experiências laboratoriais, a diferença entre a duração das gestações em água doce e a diferentes salinidades ( embora se mantivessem todos os outros factores ), chegou aos 4 dias ( Kumaraguru Vasagam et al., 2005 ).
A salinidade demonstrou ainda ter uma relação íntima com o sucesso na reprodução e até com o tamanho dos recém-nascidos ou com o crescimento das crias.
De facto, segundo a experiência anteriormente mencionada, o maior número de nascimentos aconteceu a 25% de salinidade ( 1,018 ), enquanto os menores se deram tanto em água doce como em água do mar 35% de salinidade ( 1,026 ).
De acordo com o mesmo estudo, as taxas de crescimento entre as crias observaram-se a 10% de salinidade ( 1,007 ), ( Kumaraguru Vasagam et al., 2005 ).
O intervalo entre os primeiros partos ou em condições inapropriadas para as fêmeas podem-se tornar irregulares e durarem entre os 90 dias ou mais.
As fêmeas plenamente desenvolvidas podem gerar até cerca de 200 crias por parto.
Em cativeiro, o canibalismo de recém-nascidos é pouco frequente, apenas ocorrendo em aquários demasiado pequenos e quando os adultos se encontram submetidos a uma dieta demasiado pobre ou quando passam frequentemente por períodos de carência de alimento.
A fertilização ocorre geralmente até cerca de uma semana após um parto.
As fêmeas sujeitas a angústia ou colocadas em gaiolas do tipo “ maternidade “ poderão recusar-se a dar à luz por períodos longos. Independentemente da duração da gestação nessas condições em particular é comum uma parte considerável de crias daí resultantes nascerem mortas ou com problemas graves.
Uma cópula com sucesso pode dar origem até 8 gestações, dado que as fêmeas podem conservar no seu corpo esperma viável por um período que, nesta espécie em particular, pode chegar quase aos 2 anos.
A alimentação das crias segue os parâmetros habituais dos ovovivíparos da subfamília Poeciliinae. Os recém-nascidos são razoavelmente grandes ( entre 9 e 12 mm ), aceitando de imediato pequenas presas vivias como os invertebrados aquáticos de tamanho adequado ou qualquer dos vulgares tipos de alimento artificial usado nessas circunstâncias.

V - Notas complementares


Esta espécie pode representar alguns sustos ao nível comportamental em cativeiro, nomeadamente devido à agressividade entre indivíduos machos em aquários demasiado limitados para as respectivas necessidades de espaço, podendo contudo ser incluída em qualquer aquário misto pois não revela habitualmente qualquer tipo de perigo para as restantes.

As disputas entre machos, já por não muito habituais, são inofensivas para os restantes habitantes no mesmo aquário e raramente trazem consequências físicas para os próprios antagonistas.

A manutenção ao ar livre e de preferência em água salobra parece fazer a diferença não só em relação à saúde geral dos indivíduos mas fundamentalmente no que diz respeito ao seu desenvolvimento e por vezes às dimensões atingidas pela barbatana dorsal dos machos.

No seu habitat natural os indivíduos de todas as idades servem de alimento a inúmeros predadores, destacando-se as larvas dos insectos aquáticos ( atacam as crias e jovens ), outros peixes, répteis, anfíbios, mamíferos e aves aquáticas. Por essa razão a Molinésia-de-Vela-Estreita prospera muito melhor em água paradas organicamente enriquecidas ( eutróficas ), onde exista abundante vegetação onde se esconder e geralmente poucos peixes adaptados a este tipo de ambiente que possam causar competição.

Uma vez que esta espécie tolera níveis de oxigénio dissolvido na água muito baixos, pode revelar-se um óptimo sistema vivo na monitorização de poluentes e contaminantes na água.


VI - Ameaças, medidas de protecção e situação actual


As populações selvagens das espécies do género Poecilia latipinna, devido à sua vasta dispersão geográfica, sofrem as consequências da pressão humana sobre o ambiente apenas nalgumas das regiões habitadas nomeadamente nos Estados Unidos da América.
A falta de dados sobre e evolução recente das populações da Carolina do Norte, por exemplo, impedem-nos de termos uma noção sobre o seu futuro.
Uma vez que a Molinésia-de-Vela-Estreita, sobretudo na parte mais setentrional da respectiva distribuição geográfica, muitas vezes se encontra restrita a lagos, charcos, lagoas e outros ambientes lênticos de água salobra numa estreita faixa do litoral, o assoreamento destes ambientes contribuirá para o seu desaparecimento por perda de habitat naquelas regiões.
Dado que se trata de uma espécie com uma vasta disseminação territorial não se prevê que no futuro mais próximo sofra ameaças comprometedoras de sobrevivência, ainda que em casos pontuais algumas populações estejam sob forte pressão e em riscos de vária ordem.
Uma das maiores ameaças será sem dúvida a libertação de híbridos provenientes da aquariofilia em regiões onde esta espécie ocorre naturalmente.
Para esclarecimento de dúvidas e mais informações consulte-se
Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos no Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas da UICN.



Outros tópicos sobre esta espécies para consulta :


Bibliografia ( literatura citada ) :


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Outros artigos de interesse :


Female mating preferences for male morphological traits used in species and mate recognition in the Mexican sailfin mollies, Poecilia velifera and P. petenensis.

http://www.clemson.edu/cafls/departments/biosci/faculty_staff/ptacek-m-Kozaketal2008.pdf

Behavioral Ecology, 19:463-474, 2008

Kozak, H. L., Cirino, L. A. and Ptacek, M. B.

Geographical variation of genetic and phenotypic traits in the Mexican sailfin mollies, Poecilia velifera and P. petenensis.

http://www.clemson.edu/cafls/departments/biosci/faculty_staff/ptacek-m-mec_3736.pdf

Molecular Ecology, 17:2219-2233, 2008.

Hankison, S. J. and Ptacek, M. B.

Morphological divergence within and between the Mexican sailfin mollies, Poecilia velifera and P. petenensis.

http://www.clemson.edu/cafls/departments/biosci/faculty_staff/ptacek-m-Hankisonetal06.pdf

Journal of Fish Biology, 68:1610-1630, 2006.

Hankison, S. J., Childress, M. J., Schmitter-Soto, J. J., and Ptacek, M. B.

Within and between species variation in male mating behaviors in the Mexican sailfin mollies Poecilia velifera and P. petenensis.

http://www.clemson.edu/cafls/departments/biosci/faculty_staff/ptacek-m-eth_1388.pdf

Ethology, 113:802-812, 2007.

Hankison, S. J., and Ptacek, M.B.


 


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