Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos

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Xiphophorus hellerii  Heckel, 1848


Molliennesia hellerii
  Heckel, 1848; ( sinónimo )
Poecilia helleri Heckel, 1848; ( sinónimo )

Xiphophorus helleri vários authores; ( erro de escrita )

Xiphophorus helleri Heckel, 1848; ( erro de escrita )

Xiphophorus heckelii Weyenbergh, 1874; ( sinónimo )

Xiphophorus guntheri Jordan & Evermann, 1896; ( válido como )

Xiphophorus jalapae Meek, 1902; ( sinónimo )

Xiphophorus brevis Regan, 1907; ( sinónimo )

Xiphophorus strigatus Regan, 1907; ( sinónimo )

Xiphophorus rachovii Regan, 1911; ( sinónimo )

Xiphophorus hellerii brevis Hubbs & Gordon, 1943; ( sinónimo )

Xiphophorus helleri guntheri Rosen & Bailey, 1963; ( erro de escrita )

Xiphophorus helleri strigatus Rosen & Bailey, 1963; ( erro de escrita )

Xiphophorus hellerii strigatus Rosen & Bailey, 1963; ( sinónimo )

Xiphophorus hellerii guntheri Rosen & Bailey, 1963; ( sinónimo )


 

Cauda-de-Espada [ Português ]
Espada [ Português / Español ]
Cola de Espada [ Español ]
Xifo [ Español ]
Swordtail [ English ]
Green Swordtail [ English ]
 

Distribuição geográfica :

México, Belize, Guatemala, Honduras.


Introduções : 

África do Sul, Austrália, Bahamas, Canadá, Ceilão, Colômbia, Brasil, Eslováquia, Estados Unidos da América, Fiji, Guam, Havai, Hong Kong, Hungria, Índia, Indonésia, Israel, Jamaica, Japão, Madagáscar, Namíbia, Nova Caledónia, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Porto Rico, República Checa, Reunião, Singapura e Zâmbia.

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I - Morfologia sumária ( caracterizações merísticas )
 


Comprimento total absoluto
Macho adulto : 47.5 a 139.8 mm
Fêmea adulta : 56.9 a 150.6 mm

Raios da barbatana dorsal : / 12 ( 14 )
Raios da barbatana caudal : / 8 ( 10 )
Escamas na linha lateral : 26 ( 28 )
Relação cabeça / comprimento total ( macho ) : 0,20 / 0,19
Relação cabeça / comprimento total ( fêmea ) : 0,18

 

Estão disponíveis para consulta mais imagens sobre esta espécie na galeria de imagens.


II - Habitat e distribuição geográfica


De todas as espécies do género a Xiphophorus hellerii é a que possui a mais vasta distribuição geográfica original, sendo igualmente a que pode ser encontrada no maior número de habitats distintos.
As populações selvagens do Cauda-de-Espada encontram-se distribuídas desde o litoral Sul do México ( Estado de Vera Cruz ), até às Honduras nas bacias hidrográficas que desaguam no Oceano Atlântico.
O limite Norte situa-se na bacia hidrográfica do Rio Nautla, entre as cidades de Tampico e Veracruz, no México, e estende-se para Sul até ao litoral Norte das Honduras nos Departamentos de Cortés, Atlântida e Colón, mais propriamente até aos arredores daquele que é o mais antigo porto do país, Balfate, situado na fronteira entre os Departamentos de Atlântida e Colón.
Na área de distribuição geográfica desta espécie podemos encontrar zonas quentes com características sub-húmidas e húmidas, ( sub-tropical e tropical chuvoso ).
A Norte da distribuição geográfica da espécie, na região da cidade de Vera Cruz, por exemplo, a temperatura média do ar varia entre sensivelmente 20ºC em Janeiro e os 27ºC em Junho. Ainda assim as temperaturas médias não nos podem fornecer uma imagem real do clima local, uma vez que o mês mais quente do ano não é de facto Junho, mas sim Abril, Maio ou Setembro, de acordo com a região em questão. As temperaturas médias da água em muitas regiões podem ser 0.4ºC mais elevadas em Agosto do que em Junho, por exemplo.
Em certas regiões as temperaturas mais elevadas fazem-se sentir em Abril, pois devido à latitude é a altura do ano que o Sol se encontra mesmo a pique e ainda não começou a época das chuvas.
Logo a seguir a pluviosidade, que começa em Maio e proporciona muitos dias de céu nublado, acaba por “ refrescar “ um pouco o ambiente, fazendo descer as temperaturas máximas mas em simultâneo proporcionando uma ligeira subida das mínimas.
Também devido à estação chuvosa, Agosto ou até mesmo Setembro podem-se revelar-se os meses em que as temperaturas máximas superam as dos restantes meses, ( sobretudo devido à diminuição da nebulosidade e à posição do Sol ).
No Sul da sua distribuição geográfica, as temperaturas médias anuais podem variar apenas 0.5ºC entre Janeiro e Junho ( Inverno / Verão ).
Embora a sua distribuição geográfica coincida com outras espécies próximas, como o Platy ( Xiphophorus maculatus ), é raro colectarem-se peixes de ambas as espécies no mesmo ecossistema, já que o Cauda-de-Espada aparece sobretudo na parte mais superior das bacias hidrográficas, enquanto o seu parente próximo predomina nas zonas mais terminais das mesmas, junto ao litoral.
O Xiphophorus hellerii vive sobretudo em rios, canais, ribeiros e riachos de curso moderado a rápido. É contudo possível encontrar algumas populações naturais estabelecidas em lagos, e noutros ambientes lênticos.
Usualmente esta espécie está mais associada a biótopos com fundos arenosos, e águas claras. Nota-se sobretudo uma preferência por zonas marginais e bancos de areia bem providos de vegetação aquática, nos rios maiores, nomeadamente as margens providas de raízes da vegetação ribeirinha, onde procuram refúgio sobretudo exemplares jovens ou crias. Em alternativa são igualmente muito frequentados os ribeiros de pouca altura de água com corrente ligeiramente moderada.
Os adultos frequentam com mais assiduidade ambientes com maior profundidades, as quais no entanto não costumam ultrapassar entre 30 e 90 centímetros.
O seu ambiente preferido caracteriza-se por águas claras em parte do ano mas turvas e por vezes com visibilidade nula, sobretudo na época das cheias.
A química da água nestes locais caracteriza-se, entre outros parâmetros, por apresentarem um valor de pH entre 7,5 e 8,1.
Noutros locais do mundo onde a espécie foi introduzida pelos seres humanos, encontram-se populações estabelecidas aproximadamente no mesmo tipo de ambiente ou próximo de zonas termais onde lhes é permitido enfrentar o frio severo que de outra forma lhes seria fatal.
 


III - Parâmetros físico-químicos


Temperatura ideal : 18ºC - 25ºC

Limite de tolerância : 13ºC e 35ºC

Limite de sobrevivência : 9ºC a 11ºC e 39ºC a 41ºC ( dependendo das populações )

pH ideal : 7 – 8.2

dH ideal : 9º - 19º

Salinidade máxima : 1,011 ( 15,4 ppm )


Proposta de manutenção desta espécie relativamente à temperatura :

Regime térmico (1) 

Regime térmico (2)

17ºC

18ºC

19ºC

22ºC

21ºC

23ºC

23ºC

24ºC

25ºC

26ºC

26ºC

27ºC

27ºC

28ºC

26ºC

27ºC

24ºC

26ºC

23ºC

24ºC

22ºC

22ºC

20ºC

20ºC

Cada linha desta tabela corresponde a um mês diferente e as temperaturas reportam-se apenas a valores de referência para a manutenção em cativeiro respeitando, o melhor possível, as exigências térmicas conhecidas para a espécie.

O ideal ( mas impossível de simular na maioria dos aquários domésticos ) era poder proporcionar aos peixes uma certa amplitude térmica diária e semanal, tal como acontece na natureza.


Para melhor se compreender o regime térmico ideal ou simular as condições de origem desta espécie, por favor consultar os gráficos relativos a Tampico, Veracruz e Belize City na página Temperaturas anuais registadas em águas naturais.


IV - Biologia e ecologia sumária


Infelizmente as linhagens domésticas são cada vez mais uma fusão de origens e proveniências, apresentando alguns peixes disponíveis no comércio pouca pureza.

Já vai sendo inclusivamente vulgar encontrar, incorporado no respectivo material genético destes indivíduos, vestígios de outras espécies do género, o que resulta de cruzamentos ocorridos algures num passado recente em cativeiro, nomeadamente com as espécies Xiphophorus variatus e Xiphophorus maculatus.

Entre as populações que se encontram na natureza existe já por si uma certa variabilidade, a qual é quase impossível de testemunhar nos animais cultivados.

Para se ter uma ideia, ainda que muito superficial, consulte-se na Galeria a página relativa às variedades selvagens de Xiphophorus hellerii.

No final da década de 1960 considerava-se mesmo que existiam várias subespécies de Cauda-de-Espada :


Xiphophorus hellerii hellerii, ( Heckel ) : México - Rio Nautla, Rio Antigua, Rio Chachalacas e Rio Jamapa

Xiphophorus hellerii strigatus, ( Regan ) : México - Rio Papaloapan e Rio Coatzacoalcos

Xiphophorus hellerii guentheri, (Jordan & Evermann ) : México - Laguna Sontecomapan, Rio Grijalva, Bacia hidrográfica do Rio Usumacinta ( México e Guatemala ); Guatemala e Belize – rios que desaguam no Atlântico, e em toda a área da distribuição geográfica no território das Honduras.

Xiphophorus hellerii signum ( Kallman & Atz ) : Guatemala - Rio Chajmaic.

Xiphophorus helleri alvarezi ( Rosen ) : México e Guatemala - Rio Lacantún.


Actualmente pelo menos uma destas subespécies está classificadas como espécies independente :


Xiphophorus alvarezi, Rosen, 1960

Xiphophorus helleri alvarezi, Rosen, 1960; ( valido como )

Xiphophorus alvarezi, Wischnath & Foerster, 1985


Talvez pelas pressões ambientais e predatórias a que estão sujeitos os animais selvagens, não é muito habitual capturarem-se machos com as dimensões dos animais domésticos. Sabe-se no entanto que em várias espécies, ( e esta não é excepção ), nas populações que vivem na presença de predadores os indivíduos apresentam geralmente maiores dimensões comparativamente com aquelas que não coabitam com essa tensão permanente.

Devido à sua distribuição geográfica relativamente ampla, encontraram-se mesmo diferenças interessantes em termos biológicos e morfológicos entre populações distintas.

A selecção sexual desempenha neste âmbito um papel preponderante.

É notória a preferência das fêmeas por machos que exibam a espada caudal mais longa, e coloração mais atraente, ( Jerald B. Johnson & Alexandra L. Basolo, 2003 ).

O problema reside no facto de que os machos mais coloridos serem também mais facilmente vistos e capturados pelos predadores.

O facto de uma fêmea se deixar cortejar por um macho demasiado fora dos padrões mais harmoniosos com o ambiente que os rodeia, pode inclusivamente colocar também a sua própria vida em risco, dado que passam os dois a constituir um alvo fácil para os predadores, ( Jerald B. Johnson & Alexandra L. Basolo, 2003 ).

Para além do apêndice caudal e da coloração propriamente dita, há outras marcas que são comuns nos animais selvagens.

Alice Marrin Kerrigan, no seu trabalho “ The Inheritance of the Crescent and Win Spot Marking in Xiphophorus hellerii “, descreve pormenorizadamente o papel da genética na transmissão de algumas destas marcas.

Tal como acontece noutras espécies de Poeciliídeos, ocorrem por vezes dois tipos diferentes de machos dentro do mesmo cardume.

No caso do Xiphophorus hellerii, esta situação foi descrita nomeadamente em relação à população do Rio Jalapa.

Num dos dois tipos, os machos caracterizam-se por possuírem a linha característica ao logo do corpo de cor escura, ( “ machos de linha negra “ ), enquanto os restantes apresentam a linha lateral vermelha ou acastanhada ( “ machos de linha vermelha “ ).

Mesmo atingindo a maturidade sexual antes dos machos de linha vermelha, os machos de linha escura nunca se tornarão dominantes no grupo. Mesmo quando ainda são 3 a 5 mm maiores do que os seus oponentes da linhagem vermelha são habitualmente subjugados por estes nas disputas.

De qualquer forma, os machos de linha negra são sempre mais pequenos do que os seus concorrentes ( quase metade do tamanho ), porque esses continuam a crescer até atingirem a maturidade sexual, a qual ocorre só daí a muitas semanas, ou mesmo meses mais tarde.

A preferência notória das fêmeas pela linhagem vermelha e a sua dominação sobre a linhagem negra não levou aquela à extinção daquela. Os machos da linhagem vermelha transportam genes que permitem perpetuar o tipo concorrente, para além do facto de que os da linhagem negra poderem acasalar mais cedo, ainda que contanto com eventuais menores taxas  de sucesso no acasalamento.

Outra diferença notável, para além de factos comportamentais distintos, é que as crias  descendentes da linha negra são maioritariamente do sexo masculino, enquanto as da linha vermelha são fêmeas, ( Dierk Franck, Agnes Müller & Natascha Rogmann, 2003 ).

De toda a forma, o sucesso no acasalamento por parte dos machos não depende exclusivamente da sua fisionomia estar mais ou menos de acordo com as preferências do sexo oposto.

Esta espécies caracteriza-se por comportamentos violentos de dominação, sobretudo entre os machos, os quais resultam em competição pelas fêmeas e geram violência.

Tais conflitos podem mesmo ser observados em aquário, ainda que a amplitude destes desafios e os seus resultados dependam não só da herança genética dos peixes, mas igualmente das dimensões do aquário, da composição do grupo e da concentração de indivíduos.

O tamanho dos exemplares nem sempre é sinónimo de sucesso nestas contendas. O aspecto fisiológico e a motivação podem mesmo resultar da submissão de um indivíduo maior perante um menor.

Entre grupos desta espécie há sempre uma complexa rede de relações e forma-se mesmo uma hierarquia, comportamento esse que é observável mesmo em aquário. Por essa razão convém ter em consideração que o espaço vital para a manutenção saudável de um grupo deve ter sempre reflectir 3 factores muito importantes, designadamente que os animais adultos podem chegar aos 15 cm, que os animais dominantes perseguem os restantes, ( sendo que daí podem resultar mesmo ferimentos mortais se os perseguidos não tiverem espaço para se refugiarem ) e, por último, que esta espécie possui comportamentos sociais relativamente complexos.

Tais comportamentos são abordados com uma interessante profundidade no artigo “ Social organization of small heterosexual groups of Green swordtails ( Xiphophorus helleri, Pisces, Poeciliidae ) under conditions of captivity “, ( Jacques P. Beaugrand, Jean Caron & Louise Comeau, 1984 ).

Tal como acontece com outras espécies do género Xiphophorus, e não só, têm surgido ao longo do tempo inúmeros testemunhos de reversão sexual ( o indivíduo pertence funcionalmente a um dos sexos mas geneticamente pertence ao oposto, ou “ muda de sexo “ a partir de certa altura ).

Ainda que não seja muito vulgar, este fenómeno acontece mesmo em populações criadas em cativeiro cujas origens são desconhecidas. Essas linhagens incluem habitualmente no seu material genético os vestígios de cruzamentos entre variedades e populações diferentes, pelo que o seu valor como matéria de estudo científico é questionável.

Ao contrário do que se acredita, não basta manter no mesmo aquário apenas fêmeas para que uma delas se transforme em macho, ou vice-versa.

O que é interessante é verificar que as fêmeas que deram à luz várias ninhadas de crias e se transformam em machos podem fertilizar outras fêmeas e produzir descendência.

Uma experiência relativa à reversão sexual completa foi muito bem documentada no artigo “ Complete Sex-Reversal in the Viviparous Telost Xiphophorus helleri( J. M. Essemberg, 1926  ).

Na natureza estes peixes são omnívoros, alimentando-se de quase todos os organismos vivos de dimensões convenientes, nomeadamente zoobentos e zooplâncton, invertebrados aquáticos, crustáceos aquáticos, insectos e suas larvas, mas igualmente de bastante matéria vegetal variada ( sobretudo detritos vegetais e algas filamentosas ou unicelulares ).

A alimentação usual em cativeiro não apresenta problemas.

O Xiphophorus hellerii tolera muito bem alimentos industriais secos ( flocos ), frescos ou congelados e dá resultados espectaculares quando recebe também alimentos vivos.

Uma dieta adequada corresponde às dos outros ovovivíparos mais comuns, sem especiais cuidados a assinalar.

Para além de alimentos liofilizados em flocos, recomenda-se vivamente artémia salina, larvas de mosquito, tubifex, dáfnias, todos estes vivos ou congelados.

Como complemento aceitam bem a carne moída de moluscos ou da maior parte do peixe de mar usado na alimentação humana. Muito raramente também se pode aproveitar a carne crua sem gordura e também moída de animais domésticos, ( vaca, porco, aves e coelho ).

Existe uma diferença assinalável em termos de crescimento e fecundidade entre os peixes alimentados frequentemente com alimentos naturais e aqueles que só têm acesso a alternativas artificiais ( D.P. Kruger, P.J. Britz & J. Sales, 2001 ).

Esta é uma espécie de reprodução contínua, desde que seja mantida dentro dos limites de temperatura e foto-período ideais.

Em cativeiro, o canibalismo de recém nascidos é frequente e muito eficaz.

A quantidade de recém nascidos que podem ser eliminadas pela própria mãe situa-se na ordem dos 32,5% dos nascidos, sendo que 85,2% dessas vítimas foram apanhados pela fêmea no fundo e  14,8% a superfície, de acordo com um estudo realizado em laboratório ( C.L.W. Jones et al, 1998 ). Nesta mesma investigação é sugerido que, para se salvar o maior número de crias, devem ser previstos suficientes abrigos à superfície.

No entanto, esta é uma espécie consideravelmente prolífica.

A fêmea Cauda-de-Espada apresenta um período entre partos que varia normalmente entre 24 e 30 dias, sendo muito frequentes os ciclos de 28 dias. Esta duração está intimamente relacionada com a temperatura e com a alimentação.

A duração de um parto pode ir de sensivelmente 2 horas a mais de 10, ( C.L.W. Jones et al, 1998 ).

O intervalo entre os primeiros partos pode ser irregular e acontecer entre os 27 e os 90 dias.

A fertilização ocorre cerca de uma semana após um parto.

Uma cópula com sucesso pode dar origem a 5 a 9 gestações, dado que as fêmeas podem conservar no seu corpo esperma viável por um período que, nesta espécie em particular, pode chegar aos 2 anos.

Nas regiões tropicais a reprodução pode ser contínua. A temperatura ideal para a gestação situa-se entre os 22ºC e os 26ºC, sendo suspensa qualquer actividade reprodutiva abaixo dos 15ºC e acima dos 29ºC.

As fêmeas sujeitas a angústia ou colocadas em gaiolas do tipo “ maternidade “ poderão recusar-se a dar à luz por períodos longos. Independentemente da duração da gestação nessas condições em particular é comum uma parte considerável de crias daí resultantes nascerem mortas ou com problemas graves.

Um parto pode dar origem de 20 a 40 crias nas fêmeas mais jovens e até pouco mais de 240 nas plenamente desenvolvidas. O número de crias das fêmeas idosas e o intervalo entre os partos tendem a replicar de novo o início do ciclo reprodutivo.

A alimentação dos recém nascidos segue os parâmetros habituais dos ovovivíparos da sub-família Poeciliinae.


V - Notas complementares


Esta espécie pode apresentar alguns problemas ao nível comportamental em cativeiro, nomeadamente devido à agressividade entre indivíduos, podendo contudo ser incluída em qualquer aquário misto.
As disputas entre machos são inofensivas para os restantes habitantes no mesmo aquário mas podem trazer consequências físicas para os próprios antagonistas, incluindo a morte dos membros mais fracos, quer devido ao resultado posterior dos ferimentos sofridos ou mesmo em causa directa devido aos danos infligidos.
No início da década de 1920, descobriu-se que era possível cruzarem-se com muita facilidade certas espécies dentro do género Xiphophorus. O que caracteriza os seus híbridos é que são inúmeras vezes férteis, dando origem a descendência.
Esta ocorrência é tão vulgar que não é de todo conveniente manter num mesmo aquário diferentes espécies deste género.
O resultado dos cruzamentos obtidos na maior parte das vezes exibem características de ambas as espécies que lhes deram origem, resultando desse facto peixes de aparência intermédia. Assim se conseguem fixar determinadas características dominantes de uma, ou mesmo das duas espécies, num único híbrido na geração F1 e por aí adiante.
Acontecem por vezes, em resultado destas experiências, híbridos que manifestam uma originalidade assentada em relação às espécies progenitoras. Determinadas características herdadas de apenas uma das espécies originais pode vir a manifestar-se com especial exuberância nesta descendência mista.
Quer nos Estados Unidos, quer na Alemanha, os cientistas cedo repararam que alguns resultados de cruzamentos entre Xiphophorus, produziam uma especial incidência de melanoma, um dos mais mortíferos cancros da pele.
Estes melanomas resultam de problemas ocorridos na formação das marcas melanísticas que ocorrem no pigmento de certos indivíduos, com especial incidência entre alguns híbridos.
Como é evidente esta propensão veio trazer aos investigadores um óptimo campo de experiência na luta contra o cancro.
Surgiram mesmo alguns modelos e sistemas com base nestas ocorrências, tornando-se instrumentos de imprescindível utilidade no estudo do progresso do melanoma.
Curiosamente, as células pigmentadas que nestes peixes são atreitas ao desenvolvimento da doença são comparáveis às humanas em termos bioquímicos, morfológicos e fisiológicos.
Os métodos utilizados nos Xiphophorus também incluem radiações que dão aos cientistas uma perspectiva sobre a incidência deste tipo de cancro, assim como a sua evolução.
Através das gerações subsequentes de animais tratados em laboratório, os investigadores podem aperceber-se do progresso do melanoma através de um fenómeno denominado antecipação genética.
Estes nossos conhecidos peixes de aquário, tornaram-se igualmente poderosos instrumentos no estudo da hereditariedade neste tipo de doença.
O artigo “ Xiphophorus Interspecies Hybrids as Genetic Models of Induced Neoplasia “, ( Ronald B. Walter & Steven Kazianis, 2001 ), fornece-nos excelentes pistas sobre este assunto.
Outra sugestão é “ Animal model for ultraviolet radiation-induced melanoma : Platyfish-Swordtail hybrid “ ( Richard B. Setlow, Avril D. Woodhead & Eleanor Grist, 1989 ).
 


VI - Ameaças, medidas de protecção e situação actual


 

A destruição do meio ambiente através de contaminação com águas residuais domésticas e industriais, captações de água acima da capacidade de reposição pela precipitação para fins agrícolas, para fins industriais ou para consumo humano, a par da introdução de espécies exóticas, são as maiores ameaças que o Xiphophorus hellerii enfrenta actualmente.
Esta espécie não se encontra ainda em situação preocupante nem faz parte do Livro Vermelho do I.U.C.N.

nota sobre o Género Xiphophorus : das cerca de 29 espécies classificadas neste género, 1 está classificada com informação insuficiente ( Xiphophorus clemenciae ), 1 ( Xiphophorus couchianus ) está classificada como criticamente em perigo e 2 ( Xiphophorus gordoni e Xiphophorus meyeri ) estão em perigo de extinção.

Para esclarecimento de dúvidas e mais informações consulte-se Cyprinodontiformes vivíparos e ovovivíparos no Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas da UICN.



Outros tópicos sobre esta espécies para consulta :


Bibliografia :


C.L.W. Jones, H. Kaiser, G. A. Webb & T. Hecht, 1998. Filial Cannibalism in the Swordtail Xiphophorus helleri ( Poeciliidae ), Aquarium Sciences and Conservation, 2, pp. 79-88.

D. P. Kruger, P.J. Britz & J. Sales, 2001. The influence of livefeed supplementation on growth and reproductive performance of swordtail ( Xiphophorus helleri Heckel 1848 ) broodstock, Aquarium Sciences and Conservation 3 : pp. 265–273.

Dierk Franck, Agnes Müller & Natascha Rogmann, 2003. A colour and size dimorphism in the green swordtail ( population Jalapa ) : female mate choice, male–male competition, and male mating strategies, Acta Ethol 5 : pp. 75–79

Jerald B. Johnson & Alexandra L. Basolo, 2003. Predator exposure alters female mate choice in the green swordtail, Behavioral Ecology Vol. 14 Nº 5 : pp. 619–625.

J. M. Essenberg, 1926. Complete Sex-Reversal in the Viviparous Teleost Xiphophorus helleri, Biological Bulletin, Vol. 51, No. 2, pp. 98-111.

Richard B. Setlow, Avril D. Woodhead & Eleanor Grist, 1989. Animal model for ultraviolet radiation-induced melanoma : Platyfish-Swordtail hybrid, Proc. Nati. Acad. Sci. USA Vol. 86, pp. 8922-8926.

Ronald B. Walter & Steven Kazianis, 2001. Xiphophorus Interspecies Hybrids as Genetic Models of Induced Neoplasia, ILAR Journal Volume 42, Number 4 : pp. 299-321.


Outros artigos de interesse :

Ryan L. Earley, Megan Tinsley & Lee Alan Dugatkin, 2003. To see or not to see : does previewing a future opponent affect the contest behavior of green swordtail males ( Xiphophorus helleri ) ? Naturwissenschaften, Volume 90, Number 6.

E. Lodi, 1979. Instances of sex inversion in the domesticated swordtail, Xiphophorus helleri heckel ( pisces, osteichthyes ), Cellular and Molecular Life Sciences ( CMLS ), Volume 35.

Action des hormones sexuelles sur l'inversion du sexe chez Xiphophorus helleri Heckel, Protoplasma, Volume 31, Number 1 / August, 1938

Christiane I. Meyer, Robert Kaufman & Joseph J. Cech, 2006. Melanin pattern morphs do not differ in metabolic rate: implications for the evolutionary maintenance of a melanophore polymorphism in the green swordtail, Xiphophorus helleri, Naturwissenschaften, Volume 93, Number 10.
 



Agradece-se profundamente aos nossos leitores que possuam dados e informações complementares ou que encontrem neste documento eventuais correcções, o favor de nos contactarem nesse sentido.



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